sexta-feira, agosto 20, 2010

Da série: Alma em palavras

Ela pediu,
Quando fui a procurar,
Em cada canto daquele manicomio.

Ela pediu,
Quando fui a procurar,
Naquele obscuro, temível e tão belo sonho

Não sei se vou poder,
Nem com toda minha força de viver,
Satisfazer a doçura da sua cor,
Nas pinturas do amor

E em cada traço lançado ao papel,
Sinto a insuficiência das minhas mãos
De trazer, de alguma forma,
A mais singela semelhança
Daquele momento

Um só momento
Seu olho e meu olho
Sua emoção e minha emoção
Nosso sofrimento
Teu adeus

O carro partiu contigo.

segunda-feira, agosto 16, 2010

Imargens amorosas


Sua imagem ainda ronda meus devaneios.

Não se trata apenas de sombra,
Tampouco de seus beijos ou afagos,
Não se trata dos milênios de conversa
Tampouco do desejo e do desvairo

Você realmente mexeu comigo,
Mas não foi apenas você
Não foi a sua pessoa,
Tal como a minha,
Demasiadamente humana.

Foi muito mais inumano.
Foi o inumano em você que me tocou,
Além do toque, além do afago,
Além do beijo, além do sexo.

Foi um amor de comunhão,
Estupidamente emotivo,
Foi um amor de liberdade,
E meu ego perdeu-se nisso

Perdeu-se no apego
Pois há anos sonhava com você,
Naquele belo manicômio,
Correndo sem saber o porque

E, como nos sonhos,
Você fugiu

Por maior claridade que a razão possa dar
O tempo sempre foi anoitecido,
Anoitecendo,
Ou, também, amanhecendo

E sua imagem ainda ronda meus devaneios

Com o tempo,
Com o vento,

Laços inumanos são levados
Para outro canto, para não sei onde,
Mas sobra a certeza de que a liberdade,
A loucura, a estranheza mais bonita,
Jamais apagará do fogo da minha alma.

terça-feira, abril 27, 2010

Congresso Junguiano - RJ

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sábado, abril 17, 2010

AS-pirações

Luta ardente e louca,

E cada golfada que sobe na bouca

Tu aspiras outro remendo

Para meu coração em sofrimento


Felicidades tais, não tão humanas,

Maravilhas da hybris prometéica

Que ousamos um momento adotar


Lua Negra

Lua Azul


Deuses caem sobre os mortais

Que aspiram superar coisas tais

Pois que,

Tais coisas,

Deixariam os deuses a ver navios

Mais humanos que os homens


Insuflado pela alma louca,

Projetei-me além da felicidade pouca

E o preço tamanho senti

Quando Afrodite emergiu

Bem aqui


Do peito o sofrimento

Quebrada a ilusão do assentamento

Já que tudo, em fantasia

Iria focar-se

Na mais perfeita harmonia


Mas, dizem então,

Afogados pelo afeto

Que isso é cristão demais

Para o mundo de hoje em dia..


Me resta a solidão

De não pertencer a nenhum dos universos


...deve ser isso que Jung dizia..

domingo, abril 11, 2010

Psicopompica naturalis

A iminência da ausência do tempo emergiu de um trovão almático que sussurrou a berros brandos o que tivera de existir: ritos proféticos aliciando a realidade para cumprir teus intentos. Porventura, demasiadamente senil, cactos não-naturais de mentes degenerescentes inibiram o canto de racionalidade torta e o fizeram o brotar de forma torta.

Tortura doravante existência, que murmura a situação cardilosa. Foi através de substâncias não autorizadas pela ANVISA que o jovem depassou o portal dos tempos. Quem diria ele? Cardilosamente persistia, num túnel tal, vermelho amarelado, e surfando em ventos calorosos. Sentidos cruzavam como informações verbais daquela máquina almática.

Certo que certorosos trovões de existência, outrora, duvidosa, agora faziam emergir saraivadas de caos osmótico e vomitezes sacro-e-santas, para usar o dialeto verbal.

Por pura magnifisciência, o douto jugo da experiência fizeste em pranto, aquele que outrora duvidara do algiz do que brotava!

E a ponte des-fez Verbo para torna-se Vida.

domingo, março 21, 2010

Santimento

Devaneio sempre e tanto,

Infame que sou,

Em qualquer canto,

Que só a Razão,

Filha de Apolo e Atená,

Me faria parar de delirar.

Espero que, mesmo que em espanto,

Seja sapiente em seu pranto

Para me abraçar ao me ver chorar

Pois que o Sentido, seja o que for,

É mais único do que poderíamos imaginar.

E nem a morte, nem o sexo,

Um dia irão o determinar.

Aqui-agora, Ali-Adiante,

O-que-passou...

O que me importa o que o sábio falou?

Sou mais eu não sendo quem sou.

... são tantas palavras e tantos gestos,

São tantos gritos e tantos murmúrios,

São tantas gentes, são tantos corpos...

O som, o cheiro, o calor,

A voz, o tempero, o sabor..

O amor,

Pra mim mais forte que qualquer intelectualidade,

Travestida em seu rubor.

segunda-feira, março 15, 2010

Equilibrista

A verdadeira morte, é o sentimento de solidão,
Cair num abismo e ninguem segurar tua mão
Cada equina um demonio
Não muito razoável,
Não escolher seu destino,
E cair num desavario..

Pedras rolando,
Açoite do medo
Quem se é,
Quando se perde o poder,
Para um Outro
Que só se vê a sombra?