segunda-feira, abril 25, 2011

Para além do normal: a experiência das portas entre abertas

O caminhar se dá num espaço escuro, com o chão entre o cinza e o verde, talvez pela mistura de uma leve camada de lodo. “Talvez esteja num Castelo, mas certamente se trata de um ambiente estilo medieval” penso, com o andar lento e vacilante. Os corredores são finos e dão acesso a tantas portas como se poderia imaginar.


Um sentimento abrupto, construído com o tempo, tanto mítico como saturnino, dá a impressão de que teria um infarto do miocárdio! A onda de sentimento, a cena mais linda, sublime e terrena, reunindo os mais amplos espectros de Afrodite: elas se beijaram e fizeram carinho, um no rosto da outra, como se o universo fosse apenas uma rosa. Pensei, naquele momento, que as guerras seriam impossíveis depois de então, tamanha a beleza contemplada.

As paredes rugem. Retomando a realidade, num fustão vermelho, tenho medo. Será que esta realidade poderia ser experienciada por um mortal ou seria apenas reservada aos deuses? Estaria eu ultrapassando a medida e me colocando numa armadilha de sereias, fiando um destino sinistro?

Já estava na esquerda, há muito tempo, e não havia sentido com tanto ardor a sua face bela, quanto naquele momento. Não podia acreditar no pior, mas a dúvida é uma cobra sinistra, obscuramente fálica.

Olhei para onde estava, cercado pelas 1001 portas, sem saber como decidir, sem saber exatamente para onde ir. As certezas foram cortadas da minha cabeça com uma lamina fulminante. Abrir um pouco de cada uma não fez a dúvida amenizar, ao contrário, me tornei um pequeno conhecedor das milhões de realidades, sem pertencer a nenhuma. Um psiconauta adaptado, porém, inadaptável.

O calor do desejo ainda cria fungos, onde havia matéria bruta. “Vou insistir, não tenho outro caminho”, pensa nosso jovem, já não tão jovem, mas ainda a espreita do sentido, idolatrando as imagens da alma, que nos fizeram chegar até aqui.

segunda-feira, abril 11, 2011

Qual estória contar?
Tal qual minha vida?
Escrever é tempo
De falar das dores,
Pois que dos amores,
Quero mais é vivê-los!

A retórica da alma
Amarela o sol
Avermelha o sangue
Esconde a nuvem de chuva

E com o vagar e a calma
Fala tanto sobre nossa estrada
Como a animosa música

Calmo como uma bomba.
Passa o caminhão,
De porta aberta
Tocando funk
A dor aperta
O peito dói
Sol escuro
Mudo

Atro-pelado,
Ator pelado
Desnudo
Envergonhado

Calo surdo: som do mundo
Afoite e medo
Do que vem de dentro
Dor imbecil!