terça-feira, novembro 15, 2011

Ferida sem sutura

No lúgubre canto do encanto,
Cantando com a voz roca ou com a poesia,
No voar do pássaro que anima,
As minhas mais doces fantasias

Perdi em algum canto,
Recôndito, sujo e santo
Aquela mais bela imagem
Da utopia feita em ser

A massa é sempre corrompida
Pelo inferno dos outros anunciado,
Nosso eu é uma lastimosa ferida
De um mundo já,
Desde então,
Detonado.

Anima de novo!

Nunca imaginei que seria eu a dar o adeus,
E diante de tantos sábios,
Sinto-me estúpido,
Um analfabeto do sentimento

Muitíssimo,
Senti.
Como poderia imaginar?
O carro partiu contigo.

Sequer sei quem sou
Se uma espécie de gente
Se uma espécie de gasolina ou motor

Sequer sei quem sou
Se um produto do sonho
Se uma máquina de horror

Mas o que queima é ver,
Todo o sentido,
E toda falta de sentido

O que mais queima é sentir,
Todo o sentido,
E toda falta de sentido

A alma é voadora,
De mil asas,
Não sei, do fundo do coração,
Se ela de fato voou,
Mais uma vez.

Sei, TALVEZ,
Que as lagrimas atravessam meu peito,
Mas não tem por onde sair.

Existem marcas
Em você, em mim,
Existem marcas nela,
Sim, também nela.

Seria me identificar,
Com uma sombra profunda,
Ver-me como uma máquina,
Uma máquina de horror?