domingo, janeiro 23, 2011

O que conta o conto?

O ano é 1542. Cercado de natureza, mas uma natureza a espreita do terror.... do torpe Europeu que a rondava.. Sangue-sugas. Pestes. Pombos: levando as informações que poderiam dominar e controlar os fortes estranhos que habitavam aquelas terras. A medicina deplorável do homem branco procurava igualar-se a sabedoria dos curandeiros, já que os pobres coitados haviam renegado a casa das bruxas e produzido a perversa inquisição. Malleus maleficarum.

- Xiii. Silêncio. Não deixe que eles nos escutem – sussurrava Hanayunahama às cinzas de sua amada.

Um grito torpe, en(torpe)cente, urgia da caixa preta, das cinzas das cinzas. O curandeiro, Hanayunahama, não se fez por estúpido e logo colocou sua amada, vítima de horrenda fogueira na Europa narcotizada pela imbecilidade do dogma, num tipi e pediu para uma onça que soprasse em suas narinas os pós de sua amada.

Talvez por este artifício, nunca saberemos, dizem as estórias, contatadas até hoje em sua tribo, que o curandeiro não foi encontrado pelas longas florestas da América Central. Como Zapata, ele ainda ressurge nas lendas e mitos, contados pelos sábios anciões, que sempre repetiram que Hanayunahama está vivo no coração daquele que possa senti-lo.

- Bruxa!!! Bruxaa!!! – A multidão gritava afarofada! Cristãos cruéis recitavam num ritual satânico os mantras da caça às bruxas. “Omne bonum a Deo, omne malum ab homine”. A camponesa de cabelos vermelhos, acusada de bruxaria, feitiçaria, pois teria feito um terrível unguento a base de solanáceas alucinógenas que levariam ao contato do Mal supremo, o anjo decaído, doravante, o DIABO. Pois que foram com estas palavras: diabolum – aquilo que separa – que os cristãos perversos separaram o élan vital do corpo da temida bruxa e o transportaram para bem longe. Para o “Outro” mundo. O mundo da loucura, do instinto, do sensual: as Américas.

Os olhos de Hanayunahama queimavam após a aspiração nasal. É como se tivesse integrado uma parte poderosa da divindade que respirava pelas árvores, pelos cactos, rios ou montanhas. A queimada bruxa vivia e agora era uma proporção dentro do curandeiro. A natureza que permeia a natureza, como forma de outra natureza, aperfeiçoa a beleza do mundo.

Um portal azul. Alguns dizem que fruto da imaginação indígena, outros dizem que da realidade das coisas, o fato é que desde que o tal portal foi visto por um pequeno índio guerreiro nunca mais Hanayunahama foi visto. Um estranho jovem, com roupas esquisitíssimas, por vezes acometia a paisagem dos povos indígenas e não indígenas, levando uma sensação de estranheza e, por vezes, medo. 

Um comentário:

Anônimo disse...

http://mamaeris.tumblr.com/post/2894165789/q-cthulhu-o-que

repostado aqui. Caso num goste, processe o pedro parrachia, ele é nosso líder! :D :D