Psicologia Analítica – Jung
Biografia
Jung nasceu em 26/07/1875, na Suíça. Dava grande importância aos sonhos, pois acreditava que eram reveladores.
Teve problemas com o pai, pastor da igreja Luterana, por achá-lo um homem de fé um pouco duvidosa. Já sua mãe era uma figura misteriosa, enigmática, quase uma bruxa.
Jung interessava-se por história, filosofia, arqueologia, mas, acabou se dedicando por medicina. Depois de formado foi trabalhar com Eugen Bleuler, onde iniciou a teoria dos complexos e testes de associação de idéias.
Nessa mesma época deparou-se com o trabalho de Freud, enviou-lhe o livro que havia escrito "Estudo sobre associações", inicia-se então uma correspondência entre ambos. Jung torna-se discípulo de Freud, que o via como seu sucessor e Jung o via como uma figura paternal, um pai espiritual.
Porém Jung não concordava com a idéia de que a libido estava apenas ligada a energia sexual, e sim, que era toda a energia psíquica. Há então, o rompimento entre Jung e Freud.
Após esse rompimento Jung sofre um acidente, seguido desse acidente sofre um enfarte e no hospital tem uma visão no espaço em que seu médico diz que ele não pode morrer porque havia muito o que fazer. Ele tem a sensação de sua vida está sendo trocada pela de seu médico. Pouco tempo depois esse médico morre.
A partir daí Jung tom coragem e publica suas obras, entre elas as mais polêmicas, por serem consideradas místicas, falando inclusive do conceito de sincronicidade.
Individuação
Na psicanálise o indivíduo está em constante conflito entre o ID, o EGO e o SUPEREGO, por isso dizemos que a psicanálise é causal, baseia-se em vivências anteriores ( e todas provém da experiência), já a Psicologia Analítica é teleológica, baseia-se em um objetivo (finalidade) para o qual o homem caminha que no caso é a individuação, ou seja, a integração com o self.
A individuação é um processo de integração, de totalidade, onde o indivíduo busca a completude, integrando os símbolos (arquétipos) e tornando-se total. É um processo único para cada pessoa.
Organização da Psique
A psique para Jung é vista como um sistema auto-regulador onde tudo se torna consciente através do ego e, no entanto, a consciência é apenas uma parte da psique, assim como conteúdos conscientes podem mergulhar no inconsciente, há conteúdos novos que jamais foram conscientes (nem provieram da experiência), que podem surgir do inconsciente.
Existe um movimento e intencionalidade próprias na psique, onde nem tudo funciona de um modo causal, ou linear. A psique compreende então a consciência e o inconsciente, de modo que temos o ego como centro da consciência e o self ou si-mesmo paradoxalmente como centro e personalidade total.
Consciência
Jung vai dar grande valor a consciência apesar de considera-la a ponta do Iceberg, a analogia com essa pequena parte vai surgir da vastidão do inconsciente que seria o Iceberg, imerso na água e de vastidão imensurável. Só podemos Ter acesso ao inconsciente, a essa sugestão, por meio de provas indiretas. A consciência vai se caracterizar pela sua estreiteza, sua limitada capacidade de apreender poucos dados simultâneos num dado momento. Só temos nosso relacionamento com o mundo consciente através do sucesso de momentos conscientes.
Jung vai utilizar também um modelo fenomenológico para explicar os processos conscientes, que é superação da antítese idealismo x realismo, os objetos existem em potencial, eles só se tornarão objetos segundo e através da interpretação de nossos sentidos, através do contato com o ego, ou seja, na realidade consciente a realidade ultima ou absoluta nós é privada.
Nesse processo os objetos que não estão per si no ambiente sofrerão uma diferenciação individual de símbolos do inconsciente coletivo (projeção) e da própria vivência do sujeito, o objeto que sem o observador era caos se torna objeto através do contato com o sujeito. Nesse ponto Jung vai acabar com a máxima de Locke utilizada inclusive por Freud "Nada existe no intelecto que não tenha antes estado nos sentidos". Segundo Jung "Todo cuidado será pouco para não cairmos num antropomorfismo exagerado, pois os fatos, em sua realidade, podem ser bastante diferentes da imagem que a nossa consciência forma deles".
É na consciência que se localizam também os processos ectopsíquicos e endopsíquicos que serão posteriormente explicitados.
Ego
O ego é o centro da consciência, uma de suas características é a percepção geral de nosso corpo e existência, e também pelos registros da memória, o ego se caracteriza como complexo de fatos psíquicos, que tenderá atrair conteúdos do inconsciente e da consciência.
É só através do ego, em contato com o ego que os fenômenos se tornam conscientes, sejam eles vindos da realidade externa ou do inconsciente (realidade psíquica e/ou universal), é no ego onde se localiza a memória.
Para Jung, o ego, sendo apenas uma parte do self, é subordinado a este por definição, poder-se-ia dizer que "o meu eu é uma parte de mim". O ego é "sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência" nas palavras de Jung.
Inconsciente Pessoal
O Inconsciente Pessoal fará que lembremos os inconsciente Freudiano, contudo, não podemos confundi-lo com este. No inconsciente pessoal Junguiano, encontrar-se-á os elementos empíricos ou não que reprimidos por serem incompatíveis com a realidade do sujeito, sua moral, suas normas (tal como no inconsciente Freudiano) são mandados ao inconsciente pelos mecanismos de defesa do ego e também elementos que não possuíram energia suficiente para entrarem em contato com o ego, permanecendo inconscientes como um conteúdo sem valor para a pessoa, o fundo de uma figura. Em analogia poderíamos falar que da realidade pela qual passamos o que nosso ego capta para a consciência é apenas o buraco da fechadura, o resto permanece subliminar e irá ao inconsciente pessoal, essa questão de figura-fundo também nos remete a teoria da Gestalt.
No Inconsciente Pessoal podemos encontrar diversos Complexos. Complexos para Jung são forças energéticas que tenderão a amalgamar, puxar, integrar a si outras idéias, pensamentos, imagens formando uma constelação, e criando uma autonomia própria. Os complexos aparecem e desaparecem da consciência independente da vontade do ego.
No caso um complexo do inconsciente pessoal pode fazer com que a pessoa associe idéias e torne-as parte de seu complexo: Ex: Uma garota é estuprada por um médico. O fato é que ela foi estuprada e o estupro, por exemplo, foi reprimido e apagado do ego, só que toda vez que essa mulher vai a qualquer médico ela se desespera e passa mal, podemos concluir que pelo estuprador ter sido um médico ela constelou todos os médicos, a figura do médico ao complexo: estupro por um médico apenas, mas todos fazem parte da mesma figura.
Quanto maior a autonomia do complexo maior a tendência dele se personificar como entidade separada, contudo, a existência de um complexo é encarada como um fenômeno natural da psique. Indica que há algo que deve ser assimilado, integrado ao sujeito, ai já podendo se ver também as influências do inconsciente coletivo sobre o complexo.
Inconsciente Coletivo
O inconsciente coletivo é o local onde estão contidas as informações mais profundas da psique, conteúdos arcaicos pertencentes a toda humanidade e esse conteúdo pertence a todas as pessoas sendo seu conteúdo "o mesmo", havendo apenas pequenas variações em suas partes mais proximas da superficie. É no inconsciente coletivo que estarão os arquétipos, através dos mesmos o inconsciente coletivo se manifestará, ele tem um uma função potencialmente construtiva, isto porque os arquétipos são elementos necessários à auto-regulação da psique. O inconsciente coletivo é capaz de ação independente, possui portanto autonomia.
O inconsciente não é algo estático, ou imutável, mas está sempre em movimento; esta atividade do inconsciente se coordena com a consciência numa relação compensadora. Normalmente o inconsciente se manifesta através de símbolos, que são pluri-signos, ou seja, possuem uma infinidade de interpretações possíveis, nas palavras de Jung "nunca se trata da alternativa isto ou aquilo, mas sempre da aproximação disto ou daquilo".
Self
Jung usou o termo self para designar o centro transpessoal e a totalidade da psique.
O self entende-se do supra-humano até o infra-humano, relacionando-se com a totalidade, nos seus aspectos minerais, animais, cósmico, etc. Ele é ao mesmo tempo totalidade e centro orientador em torno do qual todos os outros estão constelados além de objetivo ultimo, o ego "chegar, rumar" ao self seria a própria meta da vida.
O self possui muitos símbolos, entre eles a mandala, o santo graal, a cruz, o mercúrio dos alquimistas, entre outros, símbolos da totalidade.
Orientações da Consciência
-Sistema Ectopsíquico: Esses conteúdos derivam do ambiente e em contato com o ego transformam-se em conscientes, são recebidos pelos sentidos. Apesar das suas diferenças com os processos endopsíquicos eles também sofrerão influências deste, como nos processos de memória e julgamento.
Essa função é orientada pelas funções da consciência, sentimento, pensamento, sensação e intuição.
-Sistema Endopsíquico: As funções endopsíquicas fazem o contato com o conteúdo inconsciente, e não se encontra sob a vontade do indivíduo, essa funções reagem ou auxiliam nossa orientação consciente no relacionamento com o ambiente. Suas funções são a memória ou reprodução, componentes subjetivos das funções conscientes, emoções e afetos (não mais funções) e a invasão.
Arquétipo
Jung fez uma investigação das criações místicas e artísticas de várias civilizações e descobriu símbolos comuns a todas, mesmo em culturas separadas, que excluíam a possibilidade de influencia direta. Logo, enfatizou o poder de contribuição do inconsciente coletivo ao desenvolvimento da psique e as tendências herdadas contidas no inconsciente coletivo deu o nome de arquétipos.
Arquétipo seria uma forma de pensamento universal contendo uma grande parte de emoção, um padrão de organização humana, organiza afetivamente sua vida. Jung percebeu que alguns arquétipos se repetiam com mais freqüência que são: a persona, a sombra, o self, anima e o animus. Sendo a persona, a sombra, o self os estruturadores da personalidade.
Persona
A sociedade se organiza de forma que existem papéis de determinados para cada indivíduo que participa dela. Estes papéis definem se a partir das funções que cada pessoa exerce no relacionamento com outras pessoas.
A persona é como uma máscara que o indivíduo assume para satisfazer as expectativas que são esperadas dele ou mostra aquilo que ele quer ser. Porém o papel que o indivíduo exerce, e sua identidade não podem ser confundidas, porque muitas vezes o ego se identifica com a persona, em maior ou menor grau, sendo isso uma freqüente fonte de neurose,pois nenhuma pessoa pode caber inteiramente dentro dos moldes determinados pelo o inconsciente coletivo. Para que a pessoa se desenvolva é preciso que ela aprenda a se distinguir da persona, a fim de encontrar sua identidade mais profunda (ego estruturado).
Sombra
Na medida que o ego se diferencia da persona, ocorre um confronto com o seu lado mais escuro, com todos os defeitos, complexos reprimidos, impulsos, fraquezas, aspectos infantis... Isto é a sombra.
A sombra representa o lado animal da natureza humana, é responsável pelo aparecimento, na consciência, de pensamentos, sentimentos e ações desagradáveis e socialmente repreensíveis.
A sombra, com os seus instintos animais vitais e apaixonados dá a personalidade uma qualidade tridimensional. Ela ajuda a completar a pessoa inteira.
Anima e Animus
Em um nível fisiológico, o macho secreta tanto hormônios masculinos quanto femininos, assim como a fêmea. No nível psicológico, as características masculinas e femininas são encontradas em ambos os sexos.
Jung atribuiu o lado feminino da personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da mulher a arquétipos. O arquétipo feminino no homem é chamado de anima, e o arquétipo masculino na mulher é chamado de animus.
O homem apreende a natureza da mulher por meio da sua anima, e a mulher apreende a natureza do homem por meio de seu animus
Herói
Como o próprio nome já diz. Temos um exemplo de arquétipo de herói brasileiro, Senna! Nos projetamos essa imagem de herói, vencedor, lutador, que vencia todas as corridas, no Senna.
Temos outro exemplo, o presidente Lula. Durante sua candidatura lula era a esperança do povo, um candidato de esquerda, lutador, ex sem terra. Logo o Lula encarnou nesse personagem, já estava se considerando realmente o herói.
A imagem de herói geralmente vem construída como uma pessoa que não é criada pelos pais, que sofrem, que cumpri tarefas fantásticas, como Hercules, historias em quadrinho, homem aranha, super homem, batman...
A teoria dos tipos psicológicos
Jung, preocupado com o esclarecimento das particularidades individuais, do problema do individuo no seu confronto com o outro, propôs-se à elaboração de uma tipologia psicológica. Tiveram papel importante na motivação desse estudo a sua ruptura com Freud e a observação das diferenças existentes entre as várias "psicologias": a sua, a de Freud e a de Adler. Examinou então, em primeiro lugar, a condição da consciência humana, que seria originadora das varias maneiras de encarar as coisas, das diversas abordagens possíveis.
Freud partia do principio de que as coisas evoluíam segundo as diretrizes do instinto sexual. Adler, porém, concedia a primazia ao instinto do poder. Sem duvida, tanto Freud quanto Adler viam um sujeito em relação a um objeto, mas em Adler a ênfase é posta num sujeito que se afirma e procura manter sua superioridade sobre os objetos. Em Freud ao contrario, a ênfase é posta nos objetos, conforme suas características são proveitosas ou prejudiciais ao desejo do sujeito. Essa controvérsia que existia na época serviu em parte, como paradigma para o desenvolvimento da teoria dos tipos de Jung.
Finalmente fundamentado em numerosas observações, chegou aos dois tipos fundamentais de comportamento ou atitudes humanos, chamando-os de introversão e extroversão.
Esses conceitos referem-se então a disposições ou atitudes do sujeito em relação ao objeto, ou, em outras palavras, à direção do fluxo de libido, à maneira como se processa o movimento da libido em relação ao objeto. A energia da pessoa cuja disposição é mais extrovertida flui de maneira natural, sem embaraços, para o objeto, o mundo externo. No introvertido, a libido recua frente ao objeto, fluindo preferencialmente em direção ao seu mundo interno. Assim, dizer que alguém é extrovertido ou introvertido significa que esta é a sua atitude mais habitual, a que a pessoa apresenta com maior freqüência.
Para Jung, porém, a psique é um sistema auto-regulado, e o inconsciente tende sempre a compensar a atitude consciente. Desta forma, na pessoa cuja atitude consciente é habitualmente extrovertida, existirá um fluxo de libido inconsciente dirigindo-se sempre para o sujeito. No introvertido, há um fluxo de energia inconsciente que se dirige para o objeto.
Após a conceituação das duas atitudes básicas, Jung tentou explicar a enorme diferença entre as pessoas de um mesmo grupo, seja extrovertido ou introvertido. Essas diferenças, segundo ele, se devem à função psíquica utilizada preferencialmente pela pessoa, seja para se relacionar com o mundo externo ou com o mundo interno. As funções psíquicas postuladas por Jung são quatro: o sentimento, a sensação, o pensamento e a intuição. Essas funções constituem uma espécie de quatro pontos cardeais para a orientação da consciência.
Cada pessoa tende a reagir mais comumente com a função que se tornou mais desenvolvida. Essa função predominante constitui o tipo da pessoa.
Para Jung, a definição de um tipo é sempre dinâmica e encerra um sentido de desenvolvimento. Apesar da idéia por trás da tipologia ser a de encontrar regularidades relativamente estáveis dentro da psique, a palavra tipo pode dar a idéia de algo estático, que não pode ser alterado. No entanto, ao associar a tipologia com a teoria da individuação, Jung transformou-a em algo dinâmico, abrindo a perspectiva de que, com o desenvolvimento e o evoluir da personalidade, cada um vá atingindo um maior equilíbrio, uma menor rigidez e preponderância entre as atitudes de extroversão e introversão, assim como na utilização das quatro funções.
Vejamos agora no que consistem as quatro funções. O pensamento é a função que esclarece o que são os objetos. Julga, classifica, discrimina uma coisa de outra. O pensamento, para aliviar os objetos, deve se basear em critérios impessoais, lógicos e objetivos. Para tal, é necessário excluir o valor afetivo que o objeto possa ter para a pessoa; se atrai ou não, o que é domínio do sentimento. É através do sentimento, então, que o sujeito faz uma estimativa sobre o objeto, também um julgamento, porém que funciona com uma outra lógica, "a lógica do coração".
Podemos ver então, que o pensamento e sentimento formam um par de opostos. Para que o pensamento se diferencie, o sentimento deverá ser relegado a segundo plano. À função mais utilizada, e, portanto a mais consciente e diferenciada, Jung chamou de função superior, e à função oposta, que será mais inconsciente e indiferenciada, função inferior. Assim, se uma pessoa tiver como função superior o pensamento, sua função inferior será o sentimento, e vice-versa.
A estas duas funções, Jung denominou de "racionais", pois ambas introduzem um julgamento, uma consideração sobre o objeto.
As outras duas funções, sensação e intuição, foram chamadas de irracionais, por Jung devido ao fato de apreenderem a situação diretamente, sem a mediação de um julgamento ou avaliação.
A sensação constata a presença de objetos que nos cercam e, através dos nossos sentidos, informa sobre suas características. Já a intuição é uma percepção via inconsciente. A intuição é a função que nos informa sobre de onde vêm os objetos e qual o possível curso de seu desenvolvimento. Geralmente, nos chega na forma de "pressentimentos", "palpites" ou "inspirações".
Desta forma, a sensação e a intuição formam também um par de opostos. A sensação capta e se prende ao imediatamente dado, naquele dado momento, e é isto justamente o que a intuição tem que excluir, para apreender os movimentos e as possibilidades contidos em cada situação. Assim, se a função superior numa pessoa for a sensação, a intuição será a função inferior, e vice-versa. A função principal está, portanto a serviço do Ego, dando à atitude consciente sua direção principal. A função oposta a ela, então, será mais inconsciente, sendo mais primitiva e menos desenvolvida, na medida em que é menos utilizada. Assim, a função inferior pode escapar ao manejo consciente, apresentando um maior ou menor grau de autonomia em relação ao Ego.
Geralmente, as outras duas funções também não apresentam graus de desenvolvimento iguais; uma delas será um pouco mais desenvolvida, e auxiliará a função principal, sendo chamada de função auxiliar.
Estas quatro funções se associam às duas atitudes básicas de extroversão e introversão. Assim, se uma pessoa tem como função predominante o pensamento, e é extrovertida, como conseqüência, a sua função inferior, o sentimento, apresentará características introvertidas. O mesmo se dá com as outras funções.
Faremos a seguir apenas uma descrição de como funcionam as funções e quais características costumam conferir à personalidade.
Tipo de pensamento extrovertido
A pessoa deste tipo tende, preferencialmente, a estabelecer uma ordem lógica, clara entre as coisas externas; preocupa-se em distinguir o que é essencial e o que não é, dentro das situações externas. Porem o raciocínio abstrato não a atrai; a ênfase é sempre nos objetos e não nas idéias. Geralmente, esse tipo tende a pautar sua conduta por um determinado sistema de conclusões intelectuais, ao qual tenta submeter os outros.
Seu ponto fraco é o sentimento. Embora capaz de ligações afetivas profundas, tanto a idéias quanto a pessoas, tem grande dificuldade de expressa-las, justamente pela característica introvertida da sua função inferior. Por isso, estas pessoas podem ser taxadas de frias pelo observador. Também não são raras as explosões repentinas e violentas de afeto, que espantam as pessoas que conhecem apenas o lado objetivo e racional das pessoas desse tipo.
Tipo pensamento introvertido
Ao contrario do tipo anterior, este é principalmente atraído pela organização e clarificação de idéias. O pensador introvertido interessa-se mais pelas abstrações teóricas do que pelos fatos em si. Não se contenta em ordenar objetos ou idéias já existentes, mas interessa-se pela produção de novas abstrações ou de hipóteses originais.
Seu sentimento manifesta-se de modo intenso e pouco diferenciado, já que é a função inferior: é sempre amor ou ódio, branco ou preto. Além disso, este sentimento dirige-se sempre a objetos externos, pois é basicamente extrovertido.
Tipo sentimento extrovertido
Este tipo mantém uma relação adequada com os objetos exteriores, adaptando-se a eles por meio de uma avaliação basicamente afetiva. Suas relações não são guiadas por princípios lógicos, mas por valores e idéias afetivos. O sentimento é bastante discriminado.
São pessoas geralmente muito afetuosas, que demonstram o que sentem pelas pessoas de modo expansivo. Tem grande capacidade de sentir a situação de outras pessoas, e captar o que elas necessitam, sendo capazes de se sacrificarem por elas.
Seu ponto fraco é o pensamento, principalmente o raciocínio abstrato. Pelo fato da função inferior ser introvertida, seus pensamentos muitas vezes se voltam contra o sujeito, assumindo uma característica negativista. A pessoa desse tipo não gosta de ficar só.
Tipo sentimento introvertido
São pessoas geralmente calmas e retraídas com dificuldade de expressão sentimental. Possui um desenvolvido padrão de valores discriminando muito bem o que é realmente importante através de seu sentimento introvertido bem desenvolvido. Por isso pode muitas vezes influenciar os outros.
O pensamento extrovertido, por ser a função inferior, tende a causar uma rigidez e imposição de idéias sobre os fatos.
Tipo sensação extrovertida
São pessoas que tem ótima capacidade de perceber os objetos do mundo externo, relacionando-se de modo pratico e concreto com eles. Por seu agudo senso de realidade, geralmente são pessoas bastante eficientes no lidar com as situações. O individuo desse tipo tem prazer na apreciação sensorial das coisas, gosta de comer bem, se vestir bem, etc.
Como só se move à vontade na realidade palpável, geralmente repele questões teóricas de caráter mais geral ou mesmo manifestações subjetivas.
Sua intuição inferior pode se manifestar sob a forma de pressentimentos ou premonições negativas.
Tipo sensação introvertida
Possui uma ótima capacidade de apreender impressões provenientes de objetos, mas sua atenção e interesse esta primordialmente voltada para a percepção de acontecimentos internos e subjetivos.
Sua percepção sensorial é extremamente diferenciada. Pode captar muitas bem as sensações internas – não só pelo prazer estético, mas também as mínimas reações de seu organismo. São pessoas que se preocupam muito com seu próprio corpo.
A função inferior é a intuição, com caráter extrovertido, fazendo com que a pessoa tenha pressentimentos ou fantasias de ser vitima de forças externas, ou de que os outros podem ter alguma influência negativa sobre si.
Tipo intuição extrovertida
Como a intuição é a função que apreende principalmente o movimento das coisas, as pessoas desse tipo geralmente são inovadoras. Sendo extrovertidas, sua intuição lhes diz o que vai acontecer, quais as potencialidades das situações no mundo externo. Por exemplo, um intuitivo extrovertido pode ser um grande jogador na bolsa ou fazer ótimos negócios, utilizando seu "faro" para o que pode dar certo. Nunca está parado, sempre está empreendendo alguma coisa nova.
Como a função inferior é a sensação introvertida, a pessoa deste tipo raramente percebe o que está acontecendo com seu corpo, demora a perceber que está cansado, com fome, por exemplo.
Tipo intuição introvertida
As pessoas deste tipo estão sempre atrás de futuras possibilidades. Mas como são introvertidas, geralmente são os acontecimentos subjetivos que as atraem mais. É o tipo do sonhador místico, dos artistas visionários.
Como é altamente solicitado pelo mundo interno, sua percepção da realidade objetiva é fraca e indiscriminada. É o pior tipo de pessoa para descrever um acontecimento, pois pode contar absurdos, sem nenhuma intenção, levado pela sua falta de concentração no mundo externo e fantasia muito viva.
Para o intuitivo introvertido, a perda de contato com o real, com o mundo objetivo, pode ser uma ameaça, da qual ele só escapa se aceitar trabalhar mais com sua função inferior, a sensação extrovertida.
Análise dos sonhos
Diferentemente da psicanálise, onde os sonhos não são revelados, eles sempre são disfarçados, passam por uma censura, para Jung o sonho é revelador, não está oculto, apenas é cheio de simbolismos, que precisam ser analisados em seus elementos.
Exemplo: sonhar com cobras em volta de uma sala pode significar doença, cura, etc., vai depender da vivência da pessoa que está sendo analisada.
É uma fonte de informações privilegiada do inconsciente e possui ação compensatória, ou seja, compensa (realiza) no inconsciente algo que o consciente não consegue ou não pode realizar.
Existencialismo com ênfase em Sartre
Definição de Existencialismo
O existencialismo é uma das doutrinas mais características de nosso século. Todo o seu emprenho está em pensar o individuo concreto, a partir da sua existência cotidiana, desprovida de qualquer relevo especial. O único filósofo que aceita a palavra existencialismo para designar a sua própria doutrina é Sartre. Mas ele toma de Heidegger a frase que tornou famosa toda a escola: a existência precede a essência. Isso significa que não existe uma natureza humana, uma definição do que seja o homem anterior ao ato de existir: não há uma essência precedente que determinaria aquilo que cada individuo vai ser ou deve ser.
Sartre representava um existencialismo ateu, que declarava que se Deus não existe, há ao menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido, por algum conceito e que esse ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa aqui que a existência precede a essência? Isso significa que, primeiramente, existe o homem, ele se deixa encontrar, surge no mundo, e que ele só se define depois.
O homem é apenas não somente tal como ele se concebe, mas tal como ele se quer, e como ele se concebe após existir, como ele se quer depois dessa vontade de existir – o homem é apenas aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro principio do existencialismo.
Sartre
O pensamento de Sartre reflete a preocupação existencial de que o homem deve fazer uma opção sempre que a sociedade, a política, a família, a educação, os hábitos adquiridos o coloquem numa encruzilhada de múltiplos caminhos, pois pode escolher entre ser covarde ou corajoso, cúmplice ou denunciador de crimes que não praticou, acomodar-se a uma determinada realidade que torna a respeitar ou combater. Mas de que qualquer maneira deve afirmar-se nesta ou naquela situação e assumir a responsabilidade da opção, atuando e participando, mesmo que tal atuação e participação se tornem inquietantes e incômodas.
Sartre entende por existencialismo uma doutrina que torna a vida humana possível e, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade humana.
Da Fenomenologia para o Existencialismo
Em suas origens, a fenomenologia, longe de ser um existencialismo, era uma filosofia das essências. Longe de se interessar pelo conteúdo existencial do fenômeno, ou seja, aquilo que sugere a cada instante a própria experiência, a fenomenologia colocava entre parentes toda posição da existência e todo dado de fato para desengajar as essências ideais.
Tal era seu ponto de partida. Mas Husserl, que formulou a fenomenologia, chegou a considerar o mundo vivido com a inserção da consciência no mundo de forma cada vez mais indestrutível. É a radicação de fato em nossa existência vivida que a fenomenologia transcendental desvendava cada vez mais claramente. E, todavia, a tão aclamada "volta às próprias coisas" mostrou que a sua finalidade consistia em ser e permanecer fiel ao concreto, à existência, ao fenômeno enquanto presença da coisa; enquanto perspectiva, dentro da qual a coisa se apresenta em pessoa, mesmo que seja ainda longínqua. Portanto, se o fenômeno se refere a algo não será a uma inacessível "coisa em si", senão, em regra geral a uma série de outros fenômenos.
Para Sartre o ponto de partida do pensar filosófico não é propriamente a realidade humana, ou seja, a existência, mas a aquisição fundamental da fenomenologia: a intencionalidade.
Seguindo Husserl, Sartre afirma a incomensurabilidade entre as essências e os fatos, de tal forma que aquele que começa e termina a sua investigação pelos fatos jamais conseguirá encontrar as essências. Sem renunciar à idéia da experiência, é necessário tornar mais elástica essa idéia e dar a devida importância à experiência das essências e dos valores: será necessário reconhecer que só as essências permitem classificar e examinar os fatos.
Deve-se partir da totalidade sintética, que é o homem, para estabelecer e fazer a síntese da essência da realidade humana.
A realidade humana é uma realidade básica e fundamental em que a inserção da consciência no mundo parece cada vez mais essencial. É o enraizamento de nossa consciência no mundo que fundamenta a volta às próprias coisas e que capacita a fenomenologia a permanecer fiel a concreticidade da existência, pois na medida em que redução permite fazer aparecer a intencionalidade da consciência, e onde a própria intencionalidade liga a consciência às coisas e ao mundo, o estar no mundo existencialista já esta implicitamente contido no método fenomenológico.
O método
A questão do método é muito mais ampla, mesmo porque o pensamento de Sartre se desdobra em três fases fundamentais. A primeira, em que se constitui o existencialismo propriamente dito, adota o método fenomenológico. A segunda, inspirada por preocupações de ordem marxista. Finalmente na terceira fase, volta a acentuar-se a nunca abandonada inquietação com o individuo concreto.
Em sua primeira novela, A náusea, de 1937, uma descrição fenomenológica muito livremente entendida casa-se com o emprego da dúvida na acepção cartesiana, com a diferença reveladora de que, ao contrario de Descartes que punha em duvida apenas as formas do conhecimento humano, Sartre busca destituir de suas bases tudo aquilo que possa emprestar um sentido à existência do homem; põe-se em dúvida, assim, o sentido da existência humana em geral, e também o sentido do outro, de Deus, da Historia, da arte. O nome que assume a duvida para alcançar esse despojamento inaugural é a náusea. A experiência da náusea, minuciosamente descrita, revela-se aos poucos uma força definitivamente reveladora.
As teses fundamentais do existencialismo
A experiência da náusea põe de manifesto ao menos três coisas. Em primeiro lugar, a necessidade de converter a revelação do absurdo em um sentido que justifique a existência humana: o existencialismo deve ser um humanismo. Em segundo lugar, a náusea revela, para mim mesmo, que eu sou a consciência – a consciência é o "núcleo instantâneo" de minha existência. E em terceiro, essa consciência não pode ser sem o outro que não ela mesma, ela só existe por aquilo do qual ela tem consciência. Para Sartre o ser é o objeto, é tudo aquilo do qual tenho consciência; a consciência precisa de um objeto para ser, sem objeto ela não vai além de seu próprio vazio – o sujeito é nada. E a partir do modo como esse sujeito se relaciona ao objeto pode ou não instaurar-se ao Humanismo. O grande entrave à realização do Humanismo é aquilo que Sartre, como veremos, chama de má fé.
Nosso filosofo dedica poucas paginas ao ser. O que dele poderia dizer? Ele é pleno, total, perfeito, ilimitado, nada pode perturbá-lo, pois ele não tem consciência de si mesmo; ele é, pura e simplesmente. Já com o nada as coisas se complicam, e o grande tema do ensaio de Sartre é a consciência.
O ser se define pelo principio de identidade: ele é o que é. A consciência, ao contrario, não é idêntica consigo mesma, toda busca de auto-identificação devolve-a imediatamente ao outro que não ela mesma: para ser deve ser consciência de algo. Assim, a consciência só se deixa definir pelo principio de contradição: ela é o que não é, e não é o que é. Ou seja: ela é necessariamente consciência de alguma coisa, mas ela nunca consegue identificar-se com esse conteúdo que a constitui. Vale dizer que a consciência é intencional, tema tirado da fenomenologia de Husserl e radicalizado por Sartre. Sartre chama o ser de em-si e a consciência de para-si, e estas são as colunas mestras de todo seu pensamento.
Sartre chama de má fé a tendência, inerente a condição humana, de fazer com que a consciência esqueça o nada que é seu fundamento, para identificar-se de alguma forma com o ser. Assim o homem crê que crê, ele se toma com ser-crença, quando em verdade ele é consciência da crença. O nada é essa distancia inaugurada pela consciência e que corrói o ser em seu próprio cerne. O homem é habitado por uma falácia: o desejo de ser, que é desejo de fundamentar-se a partir do outro que não ele mesmo. O humanismo existencialista exige que o homem seja "o fundamento sem fundamento de todos os valores", que ele se inverte a partir do nada que ele é, ao invés de autodeterminar-se por algo que lhe é exterior – seja a família, o Estado, um partido político, a religião, os valores ou qualquer tipo de determinismo social, biológico ou psicológico.
A intersubjetividade
O grande desbravador de caminhos, nesta questão, foi Hegel. A sua intuição genial expressa na dialética do mestre e do escravo, foi mostrar que a consciência depende, em seu próprio cerne, e para ser, do reconhecimento de outra consciência; eu só sou na medida em que o outro me reconhece como tal. Heidegger não é menos incisivo: o homem é, originariamente, ser-com, a relação eu-tu é compreendida a partir do nós, a dimensão "coletiva" do homem não se acrescenta a um eu inicialmente solitário. Em Sartre as coisas se fazem mais complicadas.
O ponto de partida esta no olhar. É "infinitamente provável" que o homem que vejo passar seja mais um boneco aperfeiçoado. Sartre pretende que há uma "ligação fundamental" entre o eu e o tu. Se olho os olhos do outro, sua cor, por exemplo, apreendo um objeto. Mas se capto o olhar do outro tudo muda de figura, pois aí me sinto visto pelo outro, e sei que atrás do olhar do outro há uma consciência. Acontece que o olhar do outro me reduz à condição de objeto, de um em-si. Disso deriva o sentimento originário da minha relação com o outro, que é a vergonha. Tudo se passa como se o outro me flagrasse em meu menos ser, nessa incompletude radical a que me condena o nada que sou. A conseqüência não se faz esperar: a relação intersubjetiva se dá necessariamente no horizonte do conflito; ou bem o outro me olha e sou objeto para ele, ou então reajo e transformo o outro em objeto através do meu olhar. A relação objeto-objeto não existe, o em-si é exterior a si próprio. E a relação sujeito-sujeito também termina não se verificando: como poderia o nada relacionar-se com o nada? Assim, a intersubjetividade só se concretiza com o recurso à dicotomia sujeito-objeto.
A liberdade
O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento sartriano e como que resume toda a sua doutrina. Sua tese é insólita: a liberdade é absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim como ele recusa Deus e inverte a tese de Lutero: para este, a liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê. Mas como Deus não existe, a liberdade é absoluta. E recusa também o determinismo materialista: se tudo se reduzisse à matéria, não haveria consciência e não haveria liberdade. Qual é o fundamento da liberdade? É o nada, o indeterminismo absoluto. Agora se entende melhor a má fé: a tendência a ser termina sendo a negação da liberdade. Se o fundamento da consciência é o nada, nenhum consegue ser principio de explicação do comportamento humano. Não há nenhum tipo de essência – divina, biológica, psicológica ou social – que anteceda e possa justificar o ato livre. É o próprio ato que tudo justifica. Por exemplo: de certo modo, eu escolho inclusive o meu nascimento. Por que? Se eu me explicasse a partir de meu nascimento, de uma certa constituição psicossomática, eu seria apenas uma sucessão de objetos. Mas o homem não é objeto, ele é sujeito. Isso significa que, aqui e agora, a cada instante, é a minha consciência que esta "escolhendo" pra mim, aquilo que meu nascimento foi. O modo como sou meu nascimento é eternamente mediado pela consciência. A falsificação da liberdade, ou a má fé reside precisamente na intervenção dos determinismos de toda espécie, que põem no lugar do nada o ser.
Existencialismo e marxismo
Na sua primeira fase, Sartre fala em ontologia e pretende dar conta da condição humana como tal; a partir dos anos 60 prefere a palavra antropologia. A grande virada concentra-se toda na descoberta de história, entendida através dos contornos bem definidos do marxismo. A analise dos fatos cede o seu luar à interpretação dos acontecimentos.
De um lado, Sartre faz o elogio do marxismo: trata-se de uma filosofia jovem, que corresponde às exigências de nosso tempo por conseguir equacionar os problemas que ainda precisam de solução. Mas de outro lado, Sartre procede a uma critica do marxismo e faz graves censuras aos caminhos percorridos pelas idéias de Marx em sua evolução histórica. É que, freqüentemente, o marxismo marginaliza e esquece o sentido da existência humana, o valor insubstituível do individuo e da liberdade, transformando a doutrina num principio de terror. No fundo, o que Sartre faz é retomar e ampliar a sua velha doutrina da má fé, que passa agora por qualquer coisa como um processo de socialização. O ateu Sartre continua ferrenho inimigo de qualquer forma de materialismo: sempre que se interpreta a história a partir da categoria do objeto, através, por exemplo, de leis econômicas, a subjetividade humana é abandonada, o homem é desfigurado. E contra esse perigo sempre iminente, faz-se necessário que se coloque na base da doutrina, como sua única razão de ser, o individuo concreto, a subjetividade individual, livre e consciente. Por aí, existencialismo e marxismo convergiram na configuração de um novo humanismo.
escrito por: Erika, Fernando, Natalia, Beatriz e Carolina
domingo, novembro 28, 2004
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