quarta-feira, janeiro 17, 2007
A Jornada.
A terra batida é o chão, marrom escuro, semi-úmido. O vento frio sopra o desatino: tristes flores não mais cantarão. Um medo toma conta do sujeito, assujeitado por sua falta de tino. Nem sempre foi assim, dirá um velho sábio. Nem sempre. Tudo começou quando Satan chegou, trouxe toda sorte de sortilégios. Efêmero, diria mais, aterrador. O prazer se esvai com facilidade nesta terra que causa um certo arrepio. Satan traz o medo, a descrença, a separação.
Medo de não agüentar, a juventude sempre pareceu mais bela: contestadora, imprevisível, destemida, efêmera e andando em cordas bambas. Adaptar, palavra desprivilegiada naquela geração. Tudo já foi mais fácil. Separação: infância, adolescência, adultescencia, adultice e velhice. Morte. Medo. Marcas. Trabalho. Trindade.
Tempo: senhor maligno que come seus filhos impiedosamente. Essa é a história, estamos prontos. Não estamos prontos. É Satan que traz o medo, o medo de viver, de morrer, de crer, de se ajuntar. Separa como a morte, Thanatos, busca seus filhos de pouca sorte. Maldição. A maldição. Amaldiçoados. Em tristes reinados não há o que cogitar, a única aventura possível é partir pra cima gemer e amar.
E não é o amor, este fogo que emana, que a tudo faz mover? Sobre a insígnia do amor o herói enfrenta o mundo, se for preciso. É um gesto nobre, por conseguinte, preciso. Não que não seja dotado de erros, ao contrário, é o cumulo do erro. É o erro que foge ao prazer supremo da morte. Mas ao fugir do prazer da morte se desespera. Desespera por ter que viver desesperado, desespera por ter que Sofrer. Desespera por querer ser outra pessoa, desespera por querer ser quem ele realmente é.
Tormento agudo. Eis a insígnia do herói. Sai de sua terra sem conhecer esse novo mundo. Apenas teme, e ao temer, ao invocar Satan, transforma a floresta em pântano. Comete o erro de perguntar ao pássaro como andar. Um lobo nunca perguntaria a um hipopótamo como caçar. Ele simplesmente sabe, não há como duvidar. A procura é concreta e dolorosa. Seja como for, existe um bebe a sua espera, Sophia é seu nome. Só assim poderá alcançar o centro. Um pedaço de um tesouro perdido há milênios atrás. Conscientemente perdido. Tzimtzum.
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