quarta-feira, julho 29, 2009

Ellen West - Revolucionária!

Ellen West fora diagnosticada como Melancolica por Kraepelin. Ellen West teve que cessar o relacionamento com seu marido porque o analista dela assim o quis, contra a sua vontade. Ellen West terminou dois noivados por desejos paternos.

Diante de tamanha ordenação, em seu desordenamento tentou matar-se algumas vezes.

Em consulta, ainda em portas abertas, com Bleuler e Binswanger, foi rotulada Esquizofrenica (psicose esquizofrenica progressiva).

Eis então que para seu primeiro analista Ellen West fora histérica, para seu segundo fora Obsessiva Compulsiva com oscilações maníaco-depressiva, para Kraepelin melacolica, um outro psiquiatra encontrou neurastenia. Finalmente para um dos papas da psiquiatria existencial, num de seus piores momentos, Ellen West era esquizofrenica.

Talvez a menina tenha tentado se matar por ser leitora de Goethe.

As suas palavras, no entanto, são significativas:

Ela estava amarrada...

...por correntes de ferro da vida ordinária, da convenção, da propriedade, do conforto, da gratidão, da consideração e do amor. Sim, são estas coisas que me amarram, que me impedem de experimentar um renascimento tempestuoso, uma absorção completa no mundo da luta e sacrifício pelos quais minha alma suspira. Deus do céu. o medo está me deixando louca! Um medo que é quase sempre uma certeza! A consciência de que afinal eu vou perder tudo; toda a coragem, toda a capacidade de revoltar-me, toda a vontade de agir; que ele - meu pequeno mundo - me fará mole; mole, pusilânime e miserável como eles mesmos são.

Ellen West sucidou-se logo após sair da internação.

E ainda suas palavras ecoam, por nossa tragicômica vida torporosa!

6 comentários:

JH disse...

bela história (embora com fim trágico).
bela lição (embora nos incomode por mexer em nossas vidas tragicomicas).
abs

Frei Nando disse...

Fala João!
É trágico e isso sem os antigamente usuais métodos de agressão concreta, punição (eletrochoques, coma insulinico, lobotomia..). A agressão psiquiatrica se alastra para além dos muros de concreto, tão destrutivos, por eles mesmos, mas talvez a maior agressão comece pela própria razão psiquiatrica que enquadra, objetifica, reifica e reduz a complexidade do outro a mero diagnóstico e acaba operando uma união do diagnóstico psiquiatrico com a personalidade do sujeito (de agora em diante, doente e inválido)..

.. É mais ou menos o que Laing dizia do problema da analogia quando se torna homologia.

Temos que pensar quais as saidas libertárias, que produzam autogestão e autonomia, neste campo de vida.

=)

Um abraço,
Frei Nando.

Ana Janaina disse...

Você poderia compartilhas suas fontes sobre sua ellen?

Obrigada,

AJ.

Fernando Beserra disse...

olá AJ.

Creio que o livro central desta minha Ellen : "A voz da experiência" do Laing. No entanto, estou sem o livro aqui, no momento. Pegando-o passo as págs e confirmo...

... por outro lado, parece que tem bastante coisa sobre o caso da Ellen na net, em especial artigos do ponto de vista existencial. Creio que o próprio caso relatado pelo Biswanger possa ser encontrado sem muitas dificuldades.

Um abraço,
Frei Nando.

Anônimo disse...

Então, a análise de Laing sobre as análises, está em "A voz da experiência" mesmo, publicado pela vozes. Na publicação de 1988, o questionamento do caso começa na página 61.

Frei Nando.

Dinha disse...

Ellen West sou eu! kkkkkkkkkkkk