terça-feira, fevereiro 15, 2005

Nietzsche para os Nietzscheanos?

"O gênio do coração¹, como possui aquele grande desconhecido, o deus tentador e sedutor de conscências, cuja voz sabe descer até os últimos desvãos da alma, de quem cada palavra, cada olhar, são alimento, cuja propriedade especial é saber parecer, não aquilo que ele é, mas aquilo que para seus seguidores é mais uma imposição para se aproximarem mais e mais e segui-lo sempre mais intima e radicalmente; o gênio do coração que faz emudecer todas as vozes altas e vaidosas e ensina a escutar o silêncio, que nivela as almas rudes inspirando-lhes novos desejos, de jazer silenciosas como as águas de um lago a fim de que os céus possam se espelhar nelas; o gênio do coração que sabe reter toda mão inabíl e pressurosa, ensinando-a ser mais delicada, que sabe advinhar o tesouro escondido e esquecido, a gota de bondade e de espiritualidade escondida sob a crosta endurecida do gelo, que é uma vara mágica para cada pepita de ouro, aprisionado demoradamente no lodo e na areia; o gênio do coração a cujo contato qualquer um se sente mais rico, não surpreso e beneficiado, não feliz e oprimido por ter se renovado, desabrochado, vergado e acariciado pelo sopro do zéfiro, mais terno, mais frágil, mais confuso, mas pelo de esperança inominável, de nova vontade, novas energias, novos desdéns, novos valores do passado - mas que faço eu, meus amigos?

De que estou falando? Tive tamanha desconsideração a ponto de não citar seu nome! Se não tiverem adivinhado até agora, quem é este espírito, este deus misterioso, que deve ser louvado como tal. Como acontece com aqueles que desde a infância sempre se encontraram em marcha e entre estranhos, também a minha vida foi atravessada por muitos e vários espiritos, de muitas espécies, singulares e por vezes periogosos. Porém, antes de qualquer outro, por Dionísio, aquele deus ambíguo e tentador, o qual, como sabeis, em todo segredo e veneração, em tempos passados, sacrifiquei minhas premissas (o último talvez que ofereceu sacrificios a ele, uma vez que não encontrei ninguém que tivesse compreendido aquilo que eu fiz então). "

Parte do trecho 295 do livro Além do bem e do mal.

¹ - Aqui -e nos resto do texto- fica visivel as utilização de termos da Grecia antiga, o gênio do amor é descrito no livro O Banquete de Platão, o termo gênio é utilizado pelo amor não ser nem um deus e nem um homem e conter em si o belo e o feio. Nietzsche parace fazer um discurço sobre o amor utilizando sua visão Dionisiaca, além do bem e do mal ( ? ) .

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