quinta-feira, maio 05, 2005

História da geladeira e do fogão.

Dias cinzas e nublados eram de praxe o tempo em Loki City, onde morava a figurava mais
misteriosa de todo estado e segundo alguns, de todo país.

Andando com suas capas cinzas grafite, seu chapeu estilo blues, caminhava pelo parque as 2:00 da madrugada. Era ele, o vulto, a sombra, o fantasma. Era mais conhecido por esssas redondezas como Jullius, filho de padres e neto de bandidos, idolo de uns, o inferno para outros.

Nessa mesma hora, da quina de sua janela, que dava para o parque, Gabriel o observava... e como o admirava, quase em mesmo grau do quanto o temia. Gabriel era um garoto comum, tímido, herosexual, conservador, observador, contido, e que adorava cantar sonetos sobre solstícios e equinócios.

- NÃO!! POR FAVOR!! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!!!!!!!!!

- Ja se foi o tempo da misericordia, ad infinitum, relembra-se? Estas a vilipendiar teu
destino? Não sejas tão covarde, logo ti, dono do fogo, hahahahaha! Que doce tragédia! Seja
feliz, tua vida terminará em arte, em ousado ditirambo.

Continou por mais ou menos 30 minutos olhando Jullius, da greta da janela, então resolveu
dormir, precisava descançar, amanhã teria um dia cansativo... é que fora escolhido para um
trabalho em estágio de Psicologia.

- Droga! Logo um estagio de psicologia organizacional? Eu não gosto nem um pouco disto,
ficar manipulando pessoas, resolvendo conflitos - que deveriam aumentar-. Isso tudo me parece muito chato. - conversava com o espelho Gabriel.

Tiririinnnnnnnn!! Tiririnnnnnnnn! Tocou o desperador em bom som, sem nenhum tipo de piedade!

- Ahhh, maldito! pensava Gabriel.

- Enfim, ja é hora de me levantar...a faculdade me espera. Partiu então em seu rumo, apos um bom café da manhã. Não podia reclamar, sua vida era boa... estudante de uma boa faculdade, filho da classe média, o que poderia querer mais?

- Deixarei-te beber um gole mais, desta cicuta gloriosa, desta heroina doce, embebede-se, ao
menos pela ultima vez...

- VOCÊ NÃO PODE!! POR FAVOR!! EU TE IMPLORO!!! disse as lagrimas, caiu então de joelhos, pediu misericordia, clamou por Deus, clamou, clamou...

Era um pequeno garoto quando começou a se envolver com o rock´n´roll, filho de familia
pobre, extrovertido e alegre foi humilhado por patrões, humilhado por irmãos, humilhado por
ser quem era... um feliz, entusiasta, estudante rebelde e bisexual, isto bastava para cavar seu
tumulo... tornou-se então aquele ser escondido, vagando por entrar as cinzas, na margem, no
lixo, por baixo do véu de Maya, onde só ele e muito poucos poderiam ir...

Chegando enfim no estagio começou a fazer o trabalho de recursos humanos, Gabriel estava
muito apatico a tudo aquilo, não via metas, onde estava o sentido de tudo aquilo? Perpetuar a
desgraça? Preferiar se enforcar numa corda, tomar um veneno, e assim seria...ad infinitum,
repetiu consigo mesmo...ad infinitum...paulatinamente foi ficando tenso, e mais tenso, mais
tenso....

- AHHHHHHHHH! DESGRAÇA!!! - após o grito desesperado Gabriel correu pra floresta, entre sua casa e a empresa, onde agora trabalhava -temporariamente-.

- NãOOOOOOOOOOO!! escutava-se de longe o grito do jovem, sua voz irreconhcivel logo sumiu, talvez pelas cirunstancias tenebrosas, uma adaga enfiada em seu coração, um universo perdido, um triste gemido, um gozo de dor!

- Se faço isso amigo, é pelo teu bem, é ja hora de tua sentença, se queres a morte não podes teme-la, não permitirei que permaneças no inferno no qual estas, deves agora estar pronto para tua sentença, e quando estiveres lá, caido e perdido, ainda assim possa se
levantar, e como a Fenix que urge, ter em mãos teu próprio destino.

Ja na floresta Gabriel suava e chorava, sua vida monotona entrará em crise, em decadência,
estava agora aquiecido pelo fogo, pela irá, em ponto de ebulição. Ficaria ali, naquele lugar
deserto, o que teria a temer? A morte ja manisterara-se para ele em vida, não a temeria, ja
desconhecia a palavra ser, era puramente estatistica, era puramente estatico, tornara-se
estatua, ente, demente.

- Arvore, dai-me a luz, destrua essa desgraça que se chama vida, quero sair deste local sem
sentido, quero sair dessa inferno, quero sair dessa paralisia! Paulatinamente viu uma luz aparecer de maneira arbitraria. Não, não tinha controle sobre ela... e ela foi aproximando-se, aproximando-se...

Roqueiro, bisexual, perdido no mundo, estava pronto a aceitar a derrota mas algo em si ainda
pedia para viver, algo ainda pedia para explodir. Sim! Era isso, viver em fluxo continuo,
valorar o bem e o mal, superar e sentir a dor, viver é agora! Enfrentou a morte de frente,
olhou-a face a face, isso aos seus 17 anos... isso, a longas datas...

Após sua morte com a adaga enfiada no peito, aceitou finalmente a morte, e paradoxalmente
aceitou também a vida, resolveu não negociar mais e viver, resolveu surtar e se atraver, pois
se a vida é limitada, ilimitada seriam suas possibilidades, voou, resurgiu, com o fogo de
Deus, com o fogo dos céus, com o fogo que é teu.

A sombra finalmente revolou-se, era o tenebroso e sinistro Jullius, Gabriel assustou-se
sobremaneira, olhou face a face, Jullius sorriu e levantou uma adaga... A vontade de Gabriel se manifestou, em pouco tempo estaria morto... ou finalmente, VIVO.

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