sexta-feira, janeiro 27, 2006

Coisas

Dois trecos de palavras coisadas:

Confronto

O andar meio descarrilhado,
O ouvido sujo, a menta abastada,
Circunlóquio de palavras, que não dizem nada.

A confusão, que caminho?
Eu sei.
Outros dias no radio escutarei pelo que passei
Toca. No meu ouvido. Toca.

Conta o conto que entorta,
Ainda mais,
A minha cabeça,
Meu violão,
Que entoa idéias sem tanta maestria,
Mas o que fazer?
Sei que amo você

Ah, se o tempo, e se o espaço,
Se dividissem por acaso
Eu me tornaria dois
Só para evitar a repartição
Reflexo da partição, desse treco original.

Não existe tal coisa,
A qual?
Só se for num momento sublime.

Quero mudar para lá
Onde a cachoeira só cai
Em uma direção
Que prazer! Que beleza!
Não preciso de erudição,
Nem de estética, nem de poética,
Lá tudo cai, em uma só,
Direção.

--

Vontade

Minha vontade era ficar a todo instante,
Ou só, ou em sua companhia
Não me importa tanto os Outros,
- ou finjo de maneira lunática que não importam -

Luto ainda que desesperadamente,
Para ter algum contato,
Tenho medo da loucura, da solidão e da agonia,
Se eu me prender em mim mesmo,
E não conseguir sair?
E se ficar cercado de demônios,
Que não me permitam progredir?

Maldito papo neurótico,
Mas o que fazer?
Tenho vontade de chorar,
Vontade de não ser,
Apenas, e apenas, em alguns momentos,
Incertos.

Tenho vontades, as vezes, de fugir,
Mas não existe nenhum caminho a seguir,
Estou parado dentro de minha mente,
E aqui não existe espaço,
Ou qualquer coisa congruente
So os conflitos momentâneos,
Que me deixam olhando de um lado para o outro,
Dessa rua escura,
Esperando o momento do confronto.

E por isso, por esse ato desgraçado,
Que prefiro viver abarrotado
De momentos, e não de pensamentos.
Mas minha extroversão primitiva e bárbara,
E tão temível quanto, minhas idéias e meus prantos,
Absurdos e injustificados.

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