sábado, janeiro 07, 2006

Silésio





Uma poesia de Silésio poetizando a relatividade de Deus exposta por Eckhart:





Sei que sem mim Deus não pode viver um instante,
Se eu perecer, deverá necessariamente entregar o espírito.

Sem mim Deus não pode criar um verme sequer:
Se com ele eu não o compartilhar, destruição será seu fim.

Sou grande como Deus, pequeno ele é como eu:
Não pode estar acima de mim e nem eu abaixo dele!

Deus é fogo em mim e eu sou dele a claridade:
Não estamos nos totalmente unidos no âmago?

Deus me ama acima dele e eu acima de mim o amo,
Tanto lhe dou eu quanto ele de si me dá!

Deus é Deus e homem para mim, eu lhe sou homem e Deus.
Sacio-lhe a sede e ele me ajuda nas precisões.

Deus se adapta a nos, é para nos o que dele queremos;
Mas, ai de nos, se não nos tornarmos para ele o que devemos.

Deus é o que é, eu sou o que sou:
Conhecendo bem um, conhecerás a ele e a mim.

Não existo fora de Deus, nem Deus fora de mim,
Sou dele brilho e luz e ele é meu ornamento.

Sou o ramo no Filho que Deus planta e nutre,
O fruto que de mim brota é Deus, o Espírito Santo.

Sou criatura e filho de Deus e ele é meu filho e por sua vez:
Como pode acontecer, porém, que ambos sejamos as duas coisas?

Sol devo ser e devo com meus raios
Pintar o mar sem cor de toda a divindade.

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