domingo, maio 14, 2006

Pró Voto Nulo!


“Votar em governantes, antes de ser instrumento democrático, é a negação da própria democracia”.

Votar em autoridades que nos “representem”, ao contrário de ser uma tarefa democrática, representa a negação da autoridade dos indivíduos concretos, e das populações locais que são destituídas de seu poder, de suas escolhas, em prol de uma autoridade que não faz parte de suas vidas e tem sua vida particular muito longe da grande maioria da população – que é, na verdade, desgraçada por condições de vida sub-humanas (graças a esse sistema de governantes, ao capitalismo, etc.).

Seria um engano acreditar que o voto nulo é simplesmente um mecanismo de protesto por melhores governantes. Isto seria utilizar o voto nulo para pedir mais desgraça. Com o mandato de Lula fica evidente que, tanto a esquerda quanto a direita institucionais, estão condenadas a corrupção, ao abuso de poder, a não resolver os conflitos e problemas da sociedade. Isso se deve a um problema muito maior do que a simples mudança de políticos. É, incialmente, um problema de todo sistema político.

Observar que o voto em candidatos não pode alterar a situação de degradação do sistema econômico, cultural, filosófico, em suma, paradigmático atual, é o primeiro passo para uma crítica mais efetiva de nossa sociedade hierárquica, desigual e injusta. A questão central, portanto, não deve ser se “50% dos votos anulam a eleição trazendo novos candidatos”, mas sim mostrar a ilegitimidade da autoridade dos governantes (presidentes, governadores, etc.) que, querendo ou não, serão corrompidos em seus mandatos. Devemos trocar o poder de governantes que não conhecem as nossas vidas por uma política que vise a autonomia dos indivíduos e bairros, com suas especificidades, trazendo o poder de volta ao povo efetivamente. Apenas desse modo poderemos falar em democracia, que como a etimologia da palavra nos diz, vem de: “demo – povo” “cracia – governo”, ou seja, o governo do povo.

Propõe-se, dessa maneira, uma política afirmativa através do voto nulo e não simples forma reativa de protesto. Buscamos o fim do capitalismo e criar uma organização descentralizada de poder, dando-o a quem lhe é devido: aos bairros, aos trabalhadores, as pessoas e criando, através do voto direto nas questões locais, a verdadeira democracia, a democracia direta!

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