sábado, junho 10, 2006

Olhos


Fecham-se os portais,
Do oceano azul celeste
É demasiado tarde,
As flores perderam seu lilas.

O açogueiro corta a carne,
Separa as tripas, o coração e os rins
Os animais ficam histéricos
Preocupados com seus fins.

Cada carne é uma carne,
Umas são macias e outras duras
O açogueiro imprime em seu rosto
As marcas do prazer e diz:
Somos deliciosamente desnecessários

A pergunta ressoa neurótica:
Será possível nadar novamente?
Ou continuaremos molhando os pés
Para não morrermos ininterruptamente?

O sonho de criança não foi perdido,
Diz o filosofo carcumido
Mas por traz de sua carcaça mal cheirosa
Brilha voluptuosamente aquela rosa

Não mais aquela rosa da separação,
A rosa pálida
Mas sim a rosa bela,
Vermelha, branca e verde
Linda, mas não mais incendiaria.

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