terça-feira, junho 13, 2006

Voila le monde moderne!


Onde atingiu aquele raio? O chão evapora como a água vaporizada pelo calor, os valores se desintegram e o eclipse se torna reluzente. Marilyn Manson grita que o único Deus bom é um Deus morto. A grama seca, os mares param, todos observam qual o próximo movimento. Será o Homem o único Deus? O grande valor agora será o vazio de valores? Ou o faça o que tu queres do Mr. Crowley irá retumbar por uma era de Ubermanche.

As brumas de Avalon se abrem paulatinamente após a morte de Deus. A natureza passa a andar com suas próprias pernas, Maturana retoma seu antigo nome: “Gaia”. Os animais passam a ter uma memória coletiva, os campos morfogenéticos são abertos por nossa ressonância mórfica, Sheldrake resgata a totalidade – holos do mundo. A luz infinita cabalística retorna de sua tumba. Cantos pagãos são cantados a luz do dia: “Bom dia”, falam entre irmãos, nos gramados em frente a prédios de 50 metros de altura.

Do outro lado da rua acontecem protestos ávidos de óleo disel. Os tecnocratas do século XIX e XX dizem que a opus da scientia, o summum bonum da humanidade, ainda não morreu. Contudo, um pequeno viajante, grande observador, diz em praça publica: “As maquinas morreram!”, mas o solitário só foi escutado pelas moscas e pelas formigas, que alias, ficaram escandalizadas. A razão psicoide moderna, diz o menino, é a do animal racional, “zoon politikos” como diria o antigo Aristóteles. Todavia, quando diz isso, os tecnocratas meio confusos, meio felizes e meio irritados, resolvem dar algumas pílulas medicinais para o garoto e gritam estupefatos: “Ave medicamentos”. A loucura precede o hospício.

Já no hospital psiquiátrico, chamam-no de pirado e doente, mas com termos humanizados. Ele então põe no chão alguns de seus livros, para que após possa dar uma folheada. Enquanto senta para meditar com as pernas cruzadas (dhyana) lembra-se dos princípios do budismo: “’Então, qual é o principio último do budismo’, perguntou o monge ‘É o cipreste do pátio” respondeu Joshu’”. Olha então de entreolho para seus livros e vê lado a lado obra de Freud, Buda, cibernética, Cristo, Tarot´s, livros de auto-ajuda e manuais de mecânica. Numa discussão sobre o caso do menino, os psicólogos energéticos dizem:

“Invariavelmente falta a ele o ‘Nome do Pai’”, “Sim” concorda o outro doutor: “O menino está fora-da-lei, é um problema da foraclusão (o termo provindo do francês cai muito bem) do Nome do Pai”. O garoto, escutando de sobressalto o dialogo, dos senhores doutores, faz uma observação, em Francês, para não passar longe da revolução positivista: “Les machines êtes morte”. Por sorte os psiquiatras e psicólogos não escutaram a blasfêmia.

Um novo deus caminha por entre as florestas, por entre as cidades, por entre Avalon, e cruza os cidadãos com raios abomináveis. Não é o capital, do senhor Marx. É o consumo extremo tomado como paradigma de uma nova era. Os valores são agora inseridos através de propagandas que aguçam o complexo repitiliano dos seres, produzindo seretonina através de “propagandas sintéticas” (LSTV – Louvada seja a televisão). A sexdução do consumo generalizado. A coisificação absoluta, seja criada através da alienação da vida enquanto todo, ou através da inter-relação sujeito-objeto.

Meu pai! Onde vamos parar? – pergunta o bêbado na porta do bar.
- Eu não sei! Eu não sei! Responde o discordiano iluminado.
- Parem o mundo que eu quero descer – grita o poeta atormentado.
E todos confusos seguem por entre os gados.

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