quarta-feira, março 29, 2006

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O Retorno.

A baioneta antiga dispara o tiro para o alto, anunciando no asfalto a chegado do meu eu. Todos escrutam as exigências que dizem para não ver-me, pois seria isso uma afronta a coroa. Mas, o povo valente e destemido, ardente de ungido brado, me vê passar pelo asfalto. Sagrado, me torno, pois a multidão de eus não friccionados se aglomera pelo aglomerado e em poucos segundos me torna: O rei do majestoso arado.

Fricciono então a terra com minha reles mão, segurando tão majestoso arado. Sinto um sentimento ecumênico e outro de tal sorte iluminado. Sim, bem sabia, que teria que arcar com as conseqüências de arar em terras de reis malditos ou de malditos reis. Mas, se meu povo que sou me unge com tamanha gloria, poderia eu, ignorar-lhe a historia? Não, já estava traçado, desde tempos sagrados, imemoriais e de propriedades tais, que devo eu seguir e ainda me redimir de todos os erros ou de todo algo errado que possa eu, ter cometido no passado.

Levanto a mão e aro, enfrento e abalo os portais já tão bem trancados que jamais alguém imaginaria que seria de tal forma, e por tão medíocre ser, desafiados. Quanta incontinência nessa diatribe que fura de lado a lado, e de extremo a extremo, o mais pesado dos metais e o mais fechado dos portais. Quão tolo não seria o mortal que um dia tornaria concreto tal pecado. Só poderia ser um suicida atormentado – dizia o vizinho escandalizado -. Mas o que fazer se o destino – e somente ele – me leva a não ser a escolha do real? Precisava derrubar as portas deste umbral e entortar as cordas desse violino cego. Pois sua autoridade a muito já desfalecera por teu próprio fraco ego, que só sabe dar ordens e ordenar sórdidos castigos sazonais, que temperam o povo de terror.

O estranho desfecho parecia já fora tomado, no alto do céu, onde ninguém tem controle sobre o que se passa ao seu lado. Se a povo em êxtase, reuniu-se e despiu-se, de seu corpo já marcado por marcas de gado, e gritou sobre o asfalto, onde outrora era celebrado o assassinato, palavras de ordens tais que impossível seria dizer algo mais, sobre a liberdade e a virtude de ser totalmente livre, só temos a gloriar o estribe, que nos faz subir ao céu.. Agora sim, diziam todos os eus não sintetizados em um só, estamos plenamente de acordo com sermos você.

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