sábado, março 18, 2006

Da Origem: Muita Luz e da Origem: Formiga Psicoide.



Da Origem: Muita Luz e da Origem: Formiga Psicoide.

Por que muita luz?

Deus disse: “Fiat Lux” e fez-se a luz, em suas primeiras palavras (no gênese). A luz é essa epigênese da consciência, ou a consciência por ela mesma, a sabedoria e o conhecimento. A luz é sempre o resultado de transformações radicais, pois ela surge de bifurcações¹ do caos, como a explosão causada pela flutuação do pré-universo e então sua explosão, o big bang, sua luz.

O próprio nome de Júpiter, que na mitologia grega era Zeus, provem da luz. Júpiter, o “pai dos deuses romanos” contém em sua palavra, a partícula Jou que provem do sânscrito dew que significa luz, brilho e claridade. Piter, presente em Júpiter é a formula antiga de pater, pai. Júpiter, o pai da luz. Da raiz sânscrita dyew proveio Deus e dia. Na verdade, segundo Boff, dar um bom dia para alguém, significa desejar-lhe um bom deus e muita luz em seu caminho.

De fato, a luz especialmente é utilizada como surgir da consciência, a conscientização de conteúdos obscuros do inconsciente ou a criação do conhecimento. Um exemplo disso observa-se no gênese onde Lúcifer, significa “aquele que traz a luz”. Ou ainda, podemos ver o titan Prometeu que rouba o fogo dos céus para dar aos homens. Rouba o conhecimento, rouba a sapiência e depois, bom ressaltar, ganha de punição a eternidade de ser dilacerado (ate que essa punição um dia se desfaz).

A luz também esta relacionada a muitas cosmogonias, justamente no sentido aqui exposto. Na cosmogonia babilônica, por exemplo, o fogo é, ao mesmo tempo, aquilo que traz luz e o que destrói. O herói Marduk traz o fogo auxiliado pelo deus do fogo, Gibil, contudo, existe ainda um outro deus do fogo, a saber, Quingu, que mostra também a ainda não dita, dualidade do fogo e da luz.

O fogo que traz a luz associa-se assim ao sol, a fogueira. Isso nos lembra Heráclito e um principio masculino, o do corte, da castração. No Egito um dos primeiros deuses criados é Rá ou Atum – o sol, principio consciente que simboliza a “luz eterna” (Melo, 2002b).

O fogo pode ser considerado “símbolo da força e da criatividade da emoção dos pais primordiais. Ele cumpre o papel de reeditar a importância da ruptura, ou ‘traição’ do pai para o surgimento do novo, tal como aparece em Gegeb/Seb no Egito, com Prometeu na Grécia, com Adão ao comer a arvore central, ou o mito dos Karajás do desejo do conhecimento, e na cosmogonia babilônica que atrapalha o sono da quietude primeira”. (ibid).

Citamos Sheldrake apud Melo (ibid): “todas as coisas iluminadas pelo Sol podem, em algum sentido, ser vistas por ele. Em muitas culturas, dá-se ao Sol o nome de olho. Na Malásia, por exemplo, a palavra que indica Sol é mata hari, o ‘olho do dia’. No grande Selo dos Estados Unidos, que se vê em cada nota de dólar, há um símbolo egípcio do Olho de Hórus – o olho radiante, o Sol -, um olho que vê e, ao mesmo tempo, um emissor de luz”.

A luz também esteve sempre relacionada a física, onde “De um modo geral toda revolução de cem anos da física passa pela questão da luz” (Novello apud Melo). Segundo Melo, “Etimologicamente falando, luz deriva de uma raiz que se relaciona com o ‘oculto, envolto, silencioso e secreto’ (Genon, 1958: 48), o céu também possui o mesmo significado, é ‘coelum’/’caelare’ cujo sentido é ‘esconder’, paralelo ao termo sânscrito ‘Var’ que significa ‘cobrir’ (ibid). Esse oculto tem sentido duplo de cobrir e assim ocultar mas possuir centro que é luz. É, porem, oculto para os sentidos, isto é, o domínio do supresensivel (ibid: 49)” (Melo, 2002b).

Voltando a física, só para contextualizá-los, podemos notar que “todas as rupturas cruciais na física apareceram trazidas pela Luz: incialmente com Maxwell, depois com Einstein, a terceira ruptura foi com a física quântica e a quarta e ultima com a cosmologia” (ibid).


A Formiga Psicoide.

A formiga, por toda sua obra e construção, é muito lembrada por seu trabalho, por sua razão, diria mesmo que a formiga, em duas de suas possíveis simbolizações, poderia ser representada pelo trabalho e pela razão.

A razão, contudo, neste contexto admitido, deixa de ser vista como algo que se refere puramente à lógica, a matemática e adquire outras formas, pluri-razão, poder-se-ia dizer. Em especial por ela admitir seu caráter psicoide, ou seja, em uma ligação intrínseca com o cósmico, com o que ultrapassa e perpassa os limites do mundo, do ser, e das estrelas.
É basicamente isso, abraços amiguitos. =)

Referências:

Melo, 2002A, Mergulhando no mar sem fundo.
Melo, 2002B, Origem e Totalidade.
Boff, 1999, Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra.



¹ - “Esse conceito da física foi explorado por Prigogine e Stengers (op. cit.). Todo sistema instável produz uma flutuação em algum momento, cuja ampliação atingirá um limite (ciclo limite), dependendo da natureza da flutuação que vier desestabilizar o sistema instável, pode se amplificar até realizar um dos estados macroscópicos possíveis. Esse seria um elemento de incerteza. Não se trata de uma subjetividade qualquer, mas de uma atividade intrínseca do sistema que escapa do controle. Bifurcação seria o “ponto critico a partir do qual um novo estado se torna possível” (ibid). Bifurcações são modelos para as “transformações radicais do comportamento” (Sheldrake in: Asbraham et alii, 1944: 52), como os atratores estranhos são modelos para o comportamento caótico (ibid, 51-51). Para Abraham (ibid: 60), a teoria da bifurcação mostra que as transformações são abruptas, sendo modelos de emergência da forma, transformações, seja para revolução neolítica, ou formações do sistema solar. Essas “bifurcações” também podem ser observadas a partir de manifestações aos efeitos incontroláveis do psíquico – como desenvolve em seu livro “A Natureza da Psique” (Heisenberg apud Jung, 1984b), estando elas relacionando, segundo Boechat.”. (Melo, Margulhando no mar sem fundo, 2002).

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